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“-Inconscientemente, parecia querer buscar em autores , filmes e músicas algum tipo de consolo.”
24.2.12
"Eu precisei de tempo pra perceber que nada seria como antes, que não existe um botão que faça nossas vidas serem como era há tempos atrás. A estação seria a mesma, agregada de pintura nova. Os passageiros com suas bagagens, que por aqui passaram, deixaram marcas no piso, nas paredes. Marcas deixadas por causar sensações, sejam boas ou ruins. Agora são apenas marcas. Onde estão as sensações e os sentimentos provocados? Onde estão os passageiros? Diante desse silencio, sinto a falta dos barulhos gerados pelos sapatos no piso, o barulho da fumaça a sair da chaminé. Sim, a fumaça. Aquela que o cheiro entorpecia de felicidade com a chegada do trem.--Cheiros. Por que será que cheiros disparam lembranças de forma tão insistente? --. Aquele cheiro que tocava as coisas com seus dedos de energia.E agora, onde está o trem com sua fumaça? Onde foi parar o maquinista. Aquele atrapalhado, que não sabe conduzir trem, o meu trem das 11. Sim era as 11 que ele chegava, sempre. Mesmo atrapalhado, ele sabia sobre ser pontual. E era nesse horário que surgia os mais belos sorrisos. Em pleno devaneio, todos os dias. Momentos que lhe fizeram, na maioria das vezes, um bem danado, e deles não esqueceriam. Eram lembranças, saudades Acho espantoso, acumular memórias, afetos.Acho que a única razão de sermos tão apegados em memórias, é que elas não mudam, mesmo que as pessoas tenham mudado. E ao lembrar das marcas, me lembro de você recitando sempre com aquela sua voz de angústia acumulada: ” Toda pessoa é sempre as marcas de outras tantas pessoas.” E eles fariam parte da estação desde então. Não existe nenhum remédio, nenhum curativo que deixe entorpecida. Não existe morfina que apague memórias a mesma.
14.2.12
O tempo passa e você aprende, é acrescida. E ai de repente nota que é 14 de fevereiro. Sim faz um ano. Parece que estamos na mesma estação novamente. Procurando as canções no rádio até achar um clássico, algo perfeito para aquele horário do dia, aquele semáforo. Tenho certeza que você escolheria Chico - “ Se lembra do futuro que a gente combinou? Eu era tão criança... e ainda sou.” - A música acaba e eu troco de estação. Sim passei por muitas nesse ano, sempre pensando se deveria ter ficado naquela estação esperando, de que alguma forma você voltasse. Seu trem passou cedo demais. Ainda não abri a bagagem deixada por você, faltou coragem. Faltou coragem para iluminar a estrada, que antes achávamos que era asfaltada e bem sinalizada, mas a estradinha encontra-se cheia de buracos e escura. E me pego pensando que você foi embora cedo demais com a lanterna. E o verão acabou cedo demais. Parece que a infinita highway não é tão infinita como você dizia. Não sei não, mas dizendo de uma forma bem clichê e agora com um sorriso de canto de boca; ok, hora de descansar em paz. Descanse, amigo.
9.2.12
Depois de tantas viagens, o vagão parou. Encontrou uma estação de parada, na qual todos passageiros desembarcaram, levando consigo suas bagagens, suas soluções ... O vagão está vazio e a quietude intriga. Talvez fosse necessária tal parada, já que as soluções de cloreto de sódio transbordaram e a saída dessa solução ocorreu constantemente do recipiente mesmo que já não houvesse solução. Esta estação não é comum aos meus olhos. E a quietude intriga. Não sabe-se ainda se a estação de parada é boa ou ruim, não remete sentimentos. A quietude intriga.
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